Normando Marques dos Santos

Um dos fundadores do movimento Bossa Nova

    Cantor, Guitarista, Autor e Compositor.     

E-mail:  normandocd@gmail.com       

Pernambucano, ainda adolescente cantava na Rádio Jornal do Comércio de Recife. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou no Colégio Mallet Soares. Nesse colégio, foi colega de turma de Roberto Menescal, que o apresentou à Nara Leão, Ronaldo Bôscoli e Chico Feitosa. Em seguida, conheceu Carlos Lyra. Ainda na década de 50, integrou um conjunto com Roberto Menescal e Luís Carlos Vinhas. O grupo se apresentava em um clube na Zona Sul do Rio de Janeiro. Nessa época, conheceu João Gilberto, com quem aprendeu, em suas palavras, "muito violão". Desse embrião da bossa nova, participaram Luís Eça, Sérgio Mendes, os irmãos Castro Neves, Baden Powell, Rosinha de Valença, Eumir Deodato, entre outros.

Em 1959, Normando participou do "I Festival de Samba-Session", realizado no anfiteatro da Faculdade Nacional de Arquitetura (Rio de Janeiro), ao lado de Carlos Lyra, Roberto Menescal e vários outros artistas. Iniciou sua carreira profissional como contor na boate do Hotel Regente (RJ), através de indicação de Dolores Duran. Em seguida, conheceu Lula Freire, com quem compôs várias músicas. Costumava freqüentar a casa do parceiro, onde se reunia praticamente todo o grupo da bossa nova.Tornou-se, nessa época, ao lado de Roberto Menescal e Carlos Lyra, um dos mais solicitados professores de violão no Rio de Janeiro, tendo tido como alunos Betty Faria e Nélson Motta, entre vários outros. 

Foi citado pelo jornalista Pedro Müller, na edição de 7/2/1960 do Jornal do Brasil, como o "Sinatra da Bossa Nova". Em 1962, apresentou-se no histórico Festival de Bossa Nova, realizado no Carnegie Hall de Nova York, ao lado de Carlos Lyra, Roberto Menescal, Sérgio Mendes, Tom Jobim, Luiz Bonfá e João Gilberto, entre outros artistas. Apresentou-se com o conjunto de Oscar Castro Neves, tocando no violão de Luiz Bonfá. 

De volta ao Brasil, gravou um disco lançado pela Odeon, que incluiu três músicas de sua autoria: "Eu te amo" (c/ Geraldo Casé), "Canção do sem você" (c/ Ronaldo Bôscoli) e "Castelinho" (c/ Billy Blanco). Essa última se tornou tema do programa de televisão "Domingo no Arpoador". Participou de vários programas de televisão como "Boate Martini", "Um instante, maestro", "Noite de gala", "Espetáculo Tonelux", "Se meu apartamento falasse", "Dois no balanço", "Ponto Rio" e "Rio rei", entre outros. Participou do filme "Esse Rio que eu amo", de Carlos Hugo Christensen. 

Em 1964, viajou para Paris, com um contrato de seis meses para substituir Baden Powell no primeiro restaurante brasileiro estabelecido nessa capital, A Feijoada. Fixou residência nessa cidade, onde divulga a música brasileira até os dias atuais. Apresenta sempre as letras originais em português, à exceção de algumas composições suas com letras em francês, como "Dame souris trotte", canção gravada por Françoise Hardy. Ao longo de sua carreira, compôs com diversos parceiros como Ronaldo Bôscoli, Lula Freire, Billy Blanco, Edson Borges, Geraldo Casé e Vinicius de Moraes, com quem tem duas músicas ainda inéditas. Suas canções foram gravadas por Eliana Pittman, Trio Irakitan, Maysa, Wilson Simonal e Pery Ribeiro, entre outros intérpretes.

OBRAS :

Canção do sem você, Mais valia não chorar, Deixa o nosso amor e Depois do amor (c/ Ronaldo Bôscoli), Castelinho (c/ Billy Blanco), Dame souris trotte (c/ Hugues de Courson), Eu te amo (c/Geraldo Casé), Aconteceu e Lamento do Adeus (c/ Vinícius de Moraes).

SHOWS PRINCIPAIS :

1959: I Festival de Samba-Session. Anfiteatro da Faculdade Nacional de Arquitetura, RJ. 1962: Festival da Bossa Nova no Carnegie Hall, Nova York.

Programa de televisão : Dentre os mais destacados estão: Boite Martini-Un instante maestro - Noite de Gala - Espetaculo Tonelux- Se meu apartamento falasse - Dois no Balanço - Ponto Rio - Rio Rei

Em teatro de Paris : Duas temporada no Teatro BOBINO

Em Bruxelas : no Teatro 140, no espetáculo " Bossa Nova e Jazz à Montparnasse "

Músicas gravadas por: Wilson Simonal, Pery Ribeiro, Elyana Pittman, Sérgio Ricardo, Núbia Lafayette, Françoise Hardy, Trio Irakitan, Rosana Toledo, etc.

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Assim começa o livro que estou escrevendo da Minha História com a Bossa Nova

Nascí em Recife, capital do estado de Pernambuco, Brasil.

A maior parte da minha enfância foi no bairro da Madalena e na cidade de Olinda . Comecei cantando na Radio Jornal do Comercio e logo depois fui para o Rio de Janeiro, pois minha mãe não gostava de ter um filho cantor de rádio e dizia que isso não era futuro para ninguém, que cantar e tocar violão, era sinônimo de bohemia. Eu prometí não mais cantar em radio se ela me deixasse ir morar no Rio de Janeiro.Comprí minha promessa e mais tarde só cantei em televisão…

Voltei realmente a cantar e tocar violão, sem mais parar, quando encontrei Roberto Menescal, que estudava na mesma classe que eu, no curso noturno do colégio Mallet Soares e que me levou na casa da Nara Leão onde conhecí Ronaldo Bôscoli e Chico Feitosa. Logo depois encontrei Carlinhos Lyra, João Gilberto, Antonio Carlos Jobim, Vivícius de Moraes, Luiz Eça, Sérgio Mendes, Baden Powell, Oscar Castro Neves, Rosinha de Valença, Elmir Deodato (que me ensinou a escrever música), Sérgio Ricardo…  e cada vez o grupo ia se tornando maior. 

Desde aí passamos à nos ver com freqüência. Carlos Lyra, Roberto Menescal e eu íamos nos tornar os principais professores de violão da Bossa Nova.Nessa época nunca poderíamos imaginar que desses encontros estava se formando o embrião do maior movimento de música popular, que ganharia o mundo inteiro, e que iria se chamar: " A Bossa Nova ". 

Não só a música unia um certo número entre nós, tinha também a paixão pela pesca submarina, que era um motivo à mais para que estivéssemos sempre juntos nos fins de semana. E era assim que partíamos, Menescal, Chico Feitosa, Ronaldo Bôscoli, Luis Carlos Vinhas, eu e alguns outros, todas as sextas-feira na direção de Rio das Ostras, Cabo Frio, Angra dos Reis... para mergulhar atrás de garoupa, robalo, badejo, tainha...

Desde que conhecí João Gilberto, ficamos muito ligados pois ele passava com fregüência no meu apartamento, que ficava extrategicamente no meio de Copacabana. Ele aparecia quase sempre à 1h00 da manhã e ficávamos conversando até às seis. Ficava meio zangado quando eu não queria bater papo quando eu tinha que dar aula aos meus alunos de violão às 9 h00 da manhã. Ele dizia que eu vivia agarrado com o relógio, e eu respondia sempre sorrindo, que ele era irresponsavel e que eu no fim do mês tinha que pagar o aluguel do apartamento...

Mas eu gostava muito quando João aparecia, e que muitas vezes vinha da casa do Antonio Carlos Jobim trazendo músicas acabadas de serem feitas, e que mais tarde se tornariam sucesso no mundo inteiro e que ocupa até hoje uma bôa parte do meu repertório

Para mim a Bossa Nova tem com marco, o show que fizemos na Faculdade de Arquitetura. A partir desse dia a Mídia começou a se interessar na gente.

Meu primeiro trabalho profissional na noite carioca, eu conseguí graças à Dolores Durand que me propos à boite do Hotel Regente em substituição ao João Gilberto que não pode ou não quis esse trabalho

Em novembro de 1962 fomos cantar em New York, no Carnegie Hall, no 1° Festival da Bossa Nova. Aliás, existe um LP desse concerto.

Quem me acompanhou foi o conjunto do Oscar Castro Neves e eu toquei no violão do Luiz Bonfá, já que o meu não aguentou o clima seco de lá e rachou completemente

De volta ao Brasil gravei um disco na Odeon com três músicas minhas :

Eu te amo, com letra de Geraldo Casé – Canção do sem você, letra do Ronaldo Bôscoli – Castelinho, letra do Billy Blanco e que se tornou o prefixo do programa de televisão Domingo no Arpoador

Em outubro de 1964 fui para Paris, com um contrato de seis meses para substituir Baden Powell na "Feijoada" a primeira casa brasileira na capital francêsa. Depois excursionei pela Europa inteira tocando os clássicos da bossa nova, atividade que pratico até hoje.